25.4.11

O CONTRATO DO COMIDA DI BUTECO

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29 comentários:

Dirceu Barquette disse...

Na minha opinião trata-se de um projeto bobo feito para bobos e que só os bobos caem. Um verdadeiro embuste!

Unknown disse...

Isso é nojento demais. Mas quem realmente gosta de boteco e os entende, não cai nessa.

Felipe Quintans disse...

Isso é nojento demais. Mas quem realmente gosta de boteco e os entende, não cai nessa.

Hernan disse...

Desbutecalização, mc'donaldelização.

Carlos Andreazza disse...

É uma grande babaquice mesmo; mas - não nos esqueçamos, Edu - boteco algum é obrigado a participar do troço. Se participam, e muitos participam!, submetem-se à camisa-de-força deste contrato espúrio por livre decisão; de modo que me parece razoável questionar também os bares que topam a parada.

Por quê?

Qual é a vantagem que veem na coisa?

Será, apesar dos pesares, compensadora a exposição na tal mídia?

Se os bares reagissem ao engodo, o "festival" teria ido pro ralo já.

Deve haver algo, para além dos R$ 5 mil reais, que justifique tamanha adesão.

Abraço!

Eduardo Goldenberg disse...

Andreazza: vou tentar, pretensiosamente, responder.

Eu questiono, com parcimônia, os bares que resolvem participar do festival. Por que?

Tenho informações de muitos deles, os menos famosos, por exemplo, faturam, nesse 30 dias, o que não faturam nos demais 11 meses do ano. É dispensável?

Mais: também não é imposto participar do nefasto "desafio Doritos". Mas para muitos desses bares, 5 mil reais é muita coisa.

Esta a razão pela qual ataco, com mais veemência, a iniciativa da empresa promotora do troço: acenando com a possibilidade do faturamento, acabam atropelando a tal - detesto esse termo, mas não vejo outro mais adequado - cultura do botequim.

Abração.

Dudu Santos disse...

Concordo com o Edu, quem tem que ser atacado nesse caso é a empresa por trás do festival.

O poder economico fala mais alto, mesmo que os botecos mais genuínos não aceitem participar. Sempre vai haver quem estará com a corda no pescoço e vai aceitar. Além do próprio festival alçar os botecos a fama com toda a sua mídia.

O que tem de nefasto é que as obrigatoriedades e proibições retiram até aqueles que poderiam participar de uma forma mais neutra, sem essas excentricidades como Maionese e Doritos, por conta de impedimentos logísticos, culturais e até financeiros.

Ricardo disse...

Caracas, que coisa enorme, nem tive saco de ler tudo mas de certo que não vai de enconto à cultura dos butequeiros.

Unknown disse...

Pela lógica de tudo que foi dito aqui, deveríamos também começar a atacar os clubes de futebol que aceitam patrocínios? A "mercantilização" do futebol acabou com o esporte?
Não vejo onde o festival prejudica a "cultura do botequim".
Quem é dono de um estabelecimento deste ramo sabe o quanto as contas do final do mês apertam o calo.

Ademir Castellari disse...

1) o festival pode não prejudicar o buteco em si, mas deve servir de parâmetro para os frequentadores, os do dia-a-dia, pois são esses os prejudicados com os preços cobrados durante o festival, e pelos frequentadores não de butecos, mas de 'points' (os famosos modinhas) que infernizam a vida daqueles que lá estão independente do festival. Acho que isso, por si, já é um prejuízo ao buteco; 2) Gostei da analogia ao futebol, mas respondo que sim, pelos mesmos motivos o 'marketing' e a mercantilização do futebol estão excluindo os frequentadores do dia-a-dia do futebol. São os mesmos preços exorbitantes, com a inundação das arquibancadas de 'torcedores de espetáculo', os CONSUMIDORES de espetáculo; 3) Há apenas uma diferença, se o buteco me enche o saco eu troco por outro, mesmo ficando puto, mas no futebol não dá, pois torço para um time e é em sua casa e em seu jogo que quero estar presente. Sobre o futebol, sugiro que leiam (de minha autoria): O tradicional e o moderno no futebol brasileiro... (http://migre.me/4loEm). Sobre a cultura de buteco o que você vem escrevendo sobre esse 'festival' é o que a maioria dos frequentadores de buteco (os de tradição) pensa.

Dudu Santos disse...

Claudio, quando os clubes passaram a receber patrocínios, muita coisa se perdeu. Pense nisso. Isso é um foco de resistência. Se a internet existisse na década de 80, você acha que seria tão fácil as grandes marcas mancharem os antes imaculados mantos dos clubes. Haveria resistência, justíssima.

Craudio disse...

Ao xará, acredito que deva haver um pouco mais de profundidade nas análises do que escreveu o Edu, do futebol e, principalmente, da cultura de buteco. A meu ver, em nenhum momento se combateu a utilização de verba publicitária, mas sim o lastro de merda deixado por algumas ações de marketing lamentáveis como essa.

Combate-se, em todos os casos, a imposição de certas regras que atendem a interesses que não o coletivo. Segundo o proposto do festival, os bares venderiam sua alma ao evento e ainda teriam de seguir uma padronização medíocre. A depender do Comida di Boteco, daqui a pouco teremos a etiqueta para pedir uma cerveja no balcão.

Daí, a higienização, a elitização e a mediocridade são as tais bostas que o marketing pelo marketing vão deixando no caminho. Os bêbados e os torcedores queremos apenas que certos valores construídos heróica ou folcloricamente através dos tempos não sejam estuprados. Ao mesmo tempo, ninguém é ingênuo ao ponto de ignorar o sistema político-econômico vigente, que cria a necessidade da transferência de dinheiro do mais rico pro mais pobre (ainda que isso transpareça certa dependência e que ela fique restrita às relações comerciais).

Resumidamente, basta apenas respeito, e isso nunca estará previsto em contrato, ou pelo menos naquele que foi denunciado aqui. Não somos "público-alvo", somos bebuns. Não somos "clientes", somos torcedores.

Unknown disse...

Dou o braço a torcer na questão do contrato. De fato, ele impõe regras demais, o que torna a coisa toda uma burocracia digna de um filme Kafkaniano (que, aliás, eu nunca consigo assistir até o fim, pois são chatos pra caralho), e que não combina com a informalidade botequeira. Mas eu gosto muito de andar por aí provando quitutes legais e diferenciados, sem pagar mais do que o preço justo. Como saber em que botecos estão estes quitutes? O Comida di Buteco, bem ou mal, nos dá um "mapa" do tesouro. Neste sentido, gosto do papel de "guia" que ele oferece. Tivéssemos outra forma de fazer isso sem precisar de um concurso burocrático e nefasto como ele, seria perfeito. Mas como seria?
Ao lado desta indagação, continuo achando que é preciso diferenciar boteco, do tipo autênctico pé-sujo com torresmão, picles, ovo colorido e porção de salaminho... daqueles barzinhos que já deixaram de ser botecos há muito tempo, mas continuam usando o "título" de boteco. Estes bares são os que na maioria das vezes participam do Comida di Buteco. Enfim, dá pra filosofar bastante sobre o tema. E as polêmicas que o Edu coloca são bem interessantes para isso, concordemos ou não com elas.

Diego Moreira disse...

Eis a ervilha virando petit pois, só de sacanagem. Bar virando McDonalds de bêbado, como muito já se disse por aí. Minha mina de ouro é o boteco vagabundo do lado da minha casa, onde eu bebo minha cerveja entre os cachaças que eu conheço desde que caguei a primeira fralda.

Unknown disse...

Claudio diz:

"Eu gosto muito de andar por aí provando quitutes legais e diferenciados, sem pagar mais do que o preço justo. Como saber em que botecos estão estes quitutes? O Comida di Buteco, bem ou mal, nos dá um "mapa" do tesouro. Neste sentido, gosto do papel de "guia" que ele oferece. Tivéssemos outra forma de fazer isso sem precisar de um concurso burocrático e nefasto como ele, seria perfeito. Mas como seria?".

Respondo: simples, meu caro. O Buteco do Edu é um excelente guia para quem mora no Rio. Além disso, bebum nunca precisou de "guia" para descobrir bons butecos. Basta ter faro e gostar de bater perna pela cidade. Quem ama a sua cidade, conhece seus meandros. Neles estão as "minas de ouro" que você procura.

claudiogonz disse...

Espero que o Edu não se importe com a ocupação deste espaço para dar asas à polêmica e ao bate-papo. Mas afinal, aqui é um boteco online, ok? Então continuando... O Bruno disse uma coisa certa "bebum nunca precisou de "guia" para descobrir bons butecos". Concordo plenamente. O problema comigo é justamente esse. Gosto dos botecos não apenas para beber, afinal, bebo pouco. (Acho que vou ser expulso daqui depois desta confissão ! ). Cerveja barata e cachaça eu bebo em qualquer esquina. Mas estou sempre à procura de coisas legais pra comer. E não aguento mais salaminho, linguiça, ovo de codorna, torresmo duro, coxinha... adoro tudo isso. Mas tem hora que enjoa. Aí você quer uma coisinha mais bacana para beliscar, e não tem. Longe de querer ser advogado do Comida di Buteco (vejam só minha situação, moro em S. Paulo onde o evento nem acontece), mas se eu morasse em BH ou no Rio ia querer provar os quitutes concorrentes (menos os que têm maionese Hellmans, claro). Então eu vejo uma solução à vista: boicote-se os bares participantes durante os 30 dias do evento. E os absolvemos nos outros 335 dias do ano. Será que resolve?

Unknown disse...

Pedro Bial poderia ser a animador desse negócio.

dunha disse...

esse festival é pra quem não frequenta buteco constantemente, é coisa pra gente babaca que quer ver e ser vista, postar no twitter que foi ao tal festival. além disso, cerveja com maionese hellmans dá caganeira...

Dudu Santos disse...

Para os dois Claudios:

Não existe problema nenhum em um simples concurso gastronomico que você possa provar novos quitutes. Acredito que existam vários por aí.

O problema que o Edu levanta é o que o nome e esse "projeto" tentam vender. Que isso é o verdadeiro, autentico e genuino boteco brasileiro. Aí se faz necessária a resistência. Porque como se sabe o botequim nosso de cada dia, é uma instituição secular brasileira, que vem sendo atacada cotidianamente, seja pelos "botequins-franquias", pelos "botequins com grife", ´pés-sujos com porta de banheiro estilizada". E o "festival" é mais um desses ataques.

Alex Carneiro disse...

Enquanto isso a Festa de São Jorge aqui do Rio teve um desfalque memorável, o já saudoso Paulistinha boteco com mais de 60 anos de resistência senhores. É triste.

Beto Mafra disse...

Sou consumidor botéquico desde que não precisei mais pedir grana pro meu pai para ir prá escola.

Sou belorizontino e acredito que o concurso "comida de boteco" começou aqui, não tenho mais certeza.

Adoro o evento, faço peregrinação para rir dos nomes dos pratos e degustar as invenções mais improváveis para apresentar um prato.

O problema é a "institucionalização" da delícia vagabunda que é a frequência aos botecos em busca de diversão e convivência, com o "risco" de ainda haver um músico desconhecido arrebentando de bom.

"Maquidonaldização" foi a melhor definição que li aqui nos comentários.
Fodam-se os empresários oportunistas que encaixotam cultura e vendem como sabão.

Enquanto houver um contrato com esses termos, tou FORA.

leo boechat disse...

Patê de feijão com maionese? Croquetes com bandeirinhas e farofa de Doritos? ”Mapa do tesouro de quitutes diferenciados”? Banheiros com decoração descolada?

Passo. Isso é piada pra otário.

Diego Jorge disse...

Banheiro foi feito pra mijar e não pra ter decoração descolada.

O máximo de luxo que um banheiro de boteco pode ter é um limãozinho no urinol pra gente mirar o mijo.

O resto é frescurada. Significa. Ainda mais quando se usa o termo "boteco" pra legitimar uma palhaçada dessas.

Andressa disse...

Meu caro, tudo bem?

Desculpe a franqueza, mas para mim, sinceramente, esse post é muito peido pra pouca bosta. É claro que o Comida di Buteco é um evento privado com fins lucrativos, e isso contempla a jabatização do buteco participante. Não acho a coisa tão nojenta assim. O sucesso de publicidade que o evento virou causou isso. E os bares tem lucro com a participação, ganho de imagem etc.

Já participei até de barraquinha de festa de interior e a jabazeira existia, evidentemente que em escala menor, como era de se esperar, já que estávamos tratando de eventos infinitamente menores. Mas as regras existiam, ou a gente entrava no esquema ou caía fora, mesmo tendo que vender Kaiser pra galera.

Abraço.

Rodrigo James disse...

Caramba, como tu é chato! Quis participar do concurso e não foi escolhido? É daí que vem sua mágoa?

E existe sempre a opção de não assinar nada! Também acho muito barulho por nada. O CdB é um evento privado e tem suas regras, como qualquer evento deste porte. Se não concorda, não participa! Simples assim.

Fofão disse...

Sou de BH, onde essa palhaçada começou. Por aqui, em geral, quem vai nesse negócio não vai a boteco no resto do ano. São turistas em sua própria cidade, não sabem nada de boteco.

E, ainda por cima, tem esse negócio de ingredientes obrigatórios. Em 2011, os do "norte de Minas". Resultado: 30 estabelecimentos oferecendo carne de sol com pequi. Quem for a um não precisa ir ao resto.

Na capital dos botecos, botequeiro legítimo passa longe dessa frescura.

Mateus Marques disse...

Quer comer comida de buteco, isso é muito simples, vá a um e arrisca. E tem mais... o q q produtor playboy de eventos e cariocas entendem de buteco? playboy só bebe em bar (bar <> buteco) e os caricas têm praia, não precisam se alcoolizar como nós mineiros e... buteco de verdade, xexelento, copo sujo, com garçom mal humorado... é soh aqui mesmo em Minas. Vale a pena até um tour de curar chifre, via sacra ou happy hour com a galera.
Viva a nação classe C, que não morre graças ao chouriço com giló e cebola do Buteco do Manéco.
Viva o Bar do João e o Cabral!
Cerveja barata, gelada e muié feia!

Fernando Grassi disse...

Tentativa de pausteirizar a cultura popular.A ideologia e estética da classe média quando chega destrói tudo que tem cheiro de popular. Transformar os botecos numa grande praça de alimentação de shoping center é matá-los como manifestação cultural, pois se é chic, se é clean, não é boteco. O interessante é que essa gente tem um baita preconceito contra o verdadeiro boteco e seus frequentadores, para quem torcem o nariz por considerarem imprestáveis e incultos bêbados improdutivos, mas ao mesmo tempo gostam de posar de botequeiros. Desta forma, esta assepcia propicia que os afetados dândis possam frequentar os ambientes e possam arrotar que são botequeiros.

Diogo disse...

Botequeiros,

Concordo que o CdB está virando um filho de mãe desconhecida. Aqui em Belo Horizonte, onde tudo isso começou, a coisa já está bem avacalhada...

Acho que treinamento para os profissionais é essencial, pelo menos para Belo Horizonte, uma vez que por aquí o atendimento é lamentável!

Entendo que a sinalização é necessária para que apareça a marca do patrocinador e haja verba para colocar o festival no ar, mas poderia ser um pouco menos ostensiva.

Outra coisa que sou contra, e aí sim penso que estamos minando as "raízes dos butecos" é a imposição de ingredientes. Isso pra mim é difícil de engolir.

Concordo com o fato de ser um mapa, mas como disse o Fofão, o botequeiro mineiro está correndo dos bares... Aqui em BH vemos que anualmente menos pessoas frequentam o festival e cada vez menos bares participam.